Uma Voz Maior

Certa vez, fui passear a uma vila perto da minha aldeia e conheci uma máquina muito curiosa, cuja história vou agora contar.    Esta era uma máquina que todos os dias, desde o momento em que a ligavam de manhã até à hora que a desligavam ao fim do dia, fazia sempre a mesma coisa. Ela passava o tempo todo na passadeira de uma fábrica de automóveis, ora a pintar um carro, ora a pintar outro. Ela tinha sempre uma grande fila de carros para pintar todos os dias!   Não se sabe como mas, certo dia, ela ouviu uma voz que vinha dentro dela que lhe dizia assim:   "Porque é que estás aí a fazer sempre a mesma coisa? Não sabes que há muitas mais coisas para fazer para além destas que fazes aqui? Não gostavas de fazer e de conhecer algo novo e diferente?"   Mesmo sem saber quem é que lhe falava e porquê, ela respondeu àquela voz dentro do seu pensamento:   "Porque isto é o que eu faço sempre, este é o meu destino. E depois, o que é que há que eu possa conhecer ou fazer d

Era uma vez uma rapariga que se chamava Observa e que tinha a mania de reparar em tudo o que via. Até que um dia encontrou o Absorve, um rapaz que viu num passeio por terras vizinhas. Sentiram logo um pelo o outro uma atração de tal maneira fatal, que nunca mais se separaram desde então.  Eles faziam um par perfeito, pois sempre que a Observa reparava numa coisa, o Absorve retia tudo e aprendiam ambos imenso. Eles casaram e seguiram juntos pela vida fora a aprender e a evoluir num companheirismo como nunca vi igual.  Eles eram tão especiais que até conseguiam aprender com as coisas negativas que lhes aconteciam e até com o que acontecia aos outros! Como podem calcular, a Observa e o Absorve viveram felizes para sempre! Moral da história:  Observa a vida tal como ela é sem julgamentos. Depois disso absorve em ti os ensinamentos que podes retirar de todas as situações para assim aprenderes a viver e evoluires. Célia Marques 24/08/21

Andava perdida e à deriva num espaço vazio até que vi um portal com uma fechadura. Logo senti-me atraída para ele, mas precisava da chave para poder entrar. "Deus... entregas-me a chave?" "A chave és tu quem a tem!" Respondeu Ele. "Mas como sou eu se não a tenho comigo?" "Procura dentro de ti." E assim continuo dia após dia à procura da chave que abre o meu portal. Célia Marques 23/08/21

  Salvador     Somos responsáveis pelas decisões que tomamos e pelas escolhas que fazemos, pois estas são ferramentas com as quais construímos a nossa vida. Esta é uma história de ficção e qualquer semelhança com a realidade é pura coincidência.     ***   Salvador cresceu no Casal da Areia, uma aldeia que fica a doze quilómetros da Nazaré. O pai dele, empresário da construção civil, criou a sua equipa de pedreiros quando Salvador tinha dez anos e a irmã Sara oito anos. A mãe cuidava da casa e trabalhava como costureira num anexo que transformou em sala de costura, onde fazia todo o tipo de trabalhos, desde arranjos até a confeção de cortinados e roupas por encomenda. Salvador teve uma infância feliz, mas era um pouco mimado pela mãe, pois ela estava sempre a fazer-lhe as vontades todas e desculpando-o das muitas travessuras que sempre fazia. A irmã acabava muitas vezes por ser a vítima preferida de Salvador, porque ele estava sempre a provoca-la e depois ria-s